Indenizações para famílias das vítimas da Boate Kiss podem demorar mais de uma década
Os parentes dos mortos e dos feridos no incêndio da Boate Kiss, que
deixou ao menos 231 mortos em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, podem
esperar mais de dez anos para receber indenização dos responsáveis pela
tragédia. Segundo o professor de direito civil da Universidade de
Brasília, Frederico Viegas, este tipo de processo é complexo e só deve
ser concluído quando chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ),
última instância a qual os envolvidos podem recorrer.
"Fatalmente
vai terminar no STJ porque as pessoas vão recorrer [das decisões
judiciais]. É um caso extremamente complexo que envolve muitos
responsáveis", explicou. O professor acredita que até a solução dos
processos, os responsáveis podem tentar fazer acordos com os parentes
das vítimas.Em casos recentes no Brasil, como as grandes tragédias
aéreas, as famílias ainda negociam na Justiça a responsabilidade pelas
mortes, o valor e a forma de pagamento das indenizações. Para Frederico
Viegas, o ideal é que os parentes das vítimas da Boate Kiss se unam em
associações como as que foram formadas no caso dos acidentes envolvendo
as empresas TAM e Gol.
"Buscar uma ação conjunta é mais efetivo
nestes casos. Além disto, os custos são menores, compartilhados, e
basicamente é o mesmo perfil, o de perda de vidas de estudantes",
explicou.
O advogado acredita que a responsabilidade sobre o
incêndio será atribuída a todos os atores. A Justiça vai definir como
cada um responderá pelas perdas provocadas pelo fogo. "Todos terão uma
parcela de responsabilização, mas os proprietários da boate e a banda
serão os principais [acusados]", avaliou. Um dos integrantes da banda
teria disparado o efeito pirotécnico que provocou o incêndio.
Além
do uso do sinalizador pela banda, o professor destacou a falta de
saídas de incêndio no local e a única porta de acesso da boate.
Acrescentou que a prefeitura deve responder pela negligência na
fiscalização destas casas, já que a boate funcionava com alvará vencido.
Segundo
ele, existem poucas chances de os proprietários da Kiss terem seguro do
estabelecimento. "Estes seguros são caros e o empresário não paga por
estes seguros. Vou me espantar se tiverem", disse.
Frederico
Viegas explicou que as indenizações às famílias podem chegar a valores
equivalentes a sete salários mínimos por vítima, multiplicado pelos anos
que faltariam até que os jovens completassem 65 anos de idade.
fonte = Agência Brasil
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